[size=55][Henrique’s Review] Dragon Age: Inquisition[/size]
Publicado em 30 de dezembro de 2014 por Henrique
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Publicado em 30 de dezembro de 2014 por Henrique
Nome: Dragon Age: Inquisition
Produtora: Bioware
Gênero: RPG ocidental
Plataforma(s): Playstation 3, Playstation 4, Xbox 360, Xbox One e PC
Versão Analisada: Playstation 4
INTRODUÇÃO
Dragon Age surgiu em sua primeira edição com o subtítulo Origins. Jogo feito para PC, enquanto continuação espiritual de Neverwinter Nights – que foi a continuação espiritual de Baldur’s Gate – o jogo foi caracterizado pela cisão entre o sistema D&D e a Bioware. Dragon Age: Origins também foi lançado para X360 e PS3 em edição inferior, que diferia versão completa feita para PC por não possuir a perspectiva tática de batalha que transformava o jogo em um game de estratégia com microgerenciamento, exatamente como era Neverwinter Ninghts 2.
Em seguida, Dragon Age II, mais limitado que o primeiro em relação à liberdade e customização, sofreu grandes críticas. Não só pelo fato de que em Origins, o jogador poderia escolher realmente como desenvolver seu personagem – iniciando sua jornada como mago até se tornar um guerreiro arcano, ou mesmo um mago de sangue, essas classes de prestígios citadas eram escolhidas pelo jogador, que decidia como seria seu personagem – mas também em razão de o mundo ser bem pequeno, e se passar apenas na cidade de Kirkwall (homônima da cidade escocesa de 8.500 habitantes localizada em uma ilha no Mar do Norte e caracterizada por ser uma cidade portuária e possuir uma grande catedral em seu município). Dragon Age II limitou muito as escolhas, e focou mais na ação das batalhas, relegando ao segundo plano o mundo para exploração (que era minúsculo, como já dito), e o desenvolvimento dos personagens.
Dragon Age: Inquisition, por sua vez, aparentemente foi feito considerando toda a crítica positiva e negativa feita em relação aos seus antecessores. É cheio de customizações, as classes de prestígio são magnânimas, o mundo é enorme, o jogo é enorme e lindo (apesar de meio bugado, pelo menos a versão de PS4).
GRÁFICOS
O jogo é lindo. Observe a imagem:
Pois bem, a observação pura e simples já leva por si só à conclusão de que o game é lindo mesmo. Apesar soar jocoso e redundante, a beleza é um conceito subjetivo, o que equivale a dizer que cada um sabe o que acha bonito ou não. Não é necessário que um indivíduo, por mais sábio e sensato que seja, determine o que é belo e o que não é. No entanto, é possível destacar algumas agradáveis características relativas aos gráficos. Entre elas, a vivacidade do ambiente, com arvores se mexendo ao vento, a fauna agindo e reagindo em um mundo que parece vivo e dinâmico, os fenômenos meteorológicos, o movimento da água, a neve e a areia do deserto, o céu estonteante de Hissing Wastes. De fato, tudo no jogo é bem agradável de se observar, e os ambientes criados foram bem concebidos, a ponto de ser comparados aos games da franquia The Elder Scrolls (que possuem uma estrutura diferente, mas, no caso de Inquisition, a comparação vem a calhar).
Entretanto, o jogo é cheio de bugs, assim como Skyrim, por exemplo. Não é algo que prejudique de modo contundente, mas que seria melhor se não existissem tais problemas.
JOGABILIDADE
Dragon Age: Inquisition renasce a jogabilidade de Origins nos PC’s, permitindo uma experiência mais tática a quem preferir um modo mais parecido com o antigo Baldur’s Gate, sem abrir mão da jogabilidade mais dinâmica e simplista de Dragon Age II. Renascendo a experiência propiciada por Neverwinter Nights 2, o jogador novamente tem a oportunidade de se tornar um administrador de castelo. Além disso, escolhas morais de um maniqueísmo sutil voltaram a ser implementadas, em que suas escolhas refletem na aprovação ou desaprovação de seus companheiros, algo que influencia diretamente nos possíveis romances presentes no game.
Combate
Como já observado, o combate pode se dar tanto na forma tática (praticamente uma exigência se o game for jogado em dificuldades mais elevadas), quanto na forma de ação preconizada por Dragon Age II. Existem habilidades de ataque e de assistência, no entanto, não existe uma magia de cura que possa ser utilizada regularmente – apenas em caráter de exceção, no caso de se estar jogando um Cavaleiro Encantador – o que eleva as poções de cura a um patamar de maior importância que nos games anteriores.
imagem retirada de http://cdn2-www.playstationlifestyle.net/assets/uploads/gallery/dragon-age-inquisition/gamescom_wm_12.jpg
Inimigos maiores, como gigantes ou os belíssimos dragões são divididos em partes de ataque. Ou seja, o jogador pode atacar a cabeça, ou os pés, ou a cauda. É uma boa adição ao combate, já que em muitas oportunidades, o jogador sentirá mais facilidade m derrotar um inimigo desse tipo se atordoa-lo machucando suas patas e diminuindo sua defesa para só então acertar sua cabeça. Cinco anos após o lançamento de Dragon Age: Origins, os criadores do game conseguiram chegar próximo da proposta apresentada em um dos trailers do jogo em que o Gray Warden, Morrigan, Leliana e Sten enfrentam um dragão em pico nevado.
Construindo seu personagem
Além do que já pode ser visto no site oficial (raças, classes, especializações, etc.), é bom comentar sobre a maneira como se desenvolve os personagens. Cada level, além das características inerentes a cada personagem aumentarem conforme sua natureza – humano, elf, anão e qunari, cada um tem características próprias – os personagens ganham um ponto de perks para gastar em árvores de habilidade após subir cada nível. Com o passar do tempo, jogador tem a possibilidade de especializar-se em alguma classe de prestígio, dependendo da classe inicial selecionada.
INFELIZMENTE, o sistema de desenvolvimento de classes não é como o de Dragon Age: Origins, mas, segue a mesma linha do estabelecido pelo Dragon Age II. Não é ruim, fazer um Knight Enchanter, cumprir a quest de crafting da Spirit Blade para ser ordenado na especialização foi gratificante, mas, seria ainda mais interessante realizar especializações numerosas e variadas.
Crafting
Na condição de protagonista da Inquisição, o jogador assume o papel de administrador e salvador da pátria, e evolui suas forças e suas instalações, ganhando poder para fazer mais missões, e assim ganhar mais poder e mais itens. Nesta característica encontra-se o fato de que ao protagonista estará disponível toda uma máquina administrativa à disposição do protagonista, que coletando materiais como couro, metais, tecidos e gemas (e outros materiais imateriais – hehe), além de ervas e ingredientes, o jogador pode fazer armaduras, armas e poções, juntamente com upgrades dessas armaduras e armas.
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Imagem retirada de http://talesofgaming.com/wp-content/uploads/2014/10/dragon-age-inquisition-crafting.png
Os materiais, por sua vez, podem ser de até quatro níveis, mas em estágios mais avançados, o ideal é fazer armaduras com materiais de nível 3, principalmente silverite (argentita em português), que produz equipamentos sem restrições de classe (faça uma armadura pesada, e equipe um mago nela). Mas, existem inúmeros materiais, que modificam as cores do equipamento produzido, além de produzir as características básicas, como defesa, ou resistências. Por exemplo, ao se fazer uma armadura pesada, o metal base propiciará o número de armadura, o segundo e o terceiro resistências em menor grau, e o couro alguma outra característica. Tudo isso somado à possibilidade de se adicionar luvas e botas para melhorar o produto do crafting. Com armas é a mesma coisa e ao se fazer um cajado, é possível adicionar lâminas e um cabo melhorado; espadas comportam pomos e guardas, etc.
ENREDO
Como já dito, o protagonista é o inquisidor. Um indivíduo que passa de suspeito de um “atentado terrorista” a chefe de uma sociedade cujo objetivo restaurar a ordem em Ferelden e Orlais. Entretanto, é justo destacar o conflito entre a FÉ e a RAZÃO bem ressaltado no game, principalmente no que tange a discussão acerca da existência ou não existência de um ser supremo, ou, DEUS, ou SALVADOR, figura personificada por meio de ANDRASTE. A rigor, a questão retratada no game acaba sendo mero reflexo do pensamento filosófico atual, em que muito se questiona, mas nada se confirma acerca do criador, e também da criação. Tudo o que se sabe é que o mundo surgiu, e o mundo funciona com regras inerentes a ele mesmo. Assim, além das parábolas sobre o sacrifício, persistência, valentia, e outros valores tratados no game, o enredo de Dragon Age: Inquisition propicia alguma reflexão acerca da enorme dúvida que paira sobre a humanidade, algo que reafirma o caráter limitado do pensamento humano, que muitas vezes se deixa levar pela vaidade e egoísmo.
Um detalhe interessante, e válido como último comentário sobre o enredo, é a adição do Dragon Age Keep, em que o usuário recria a história dos dois games anteriores e a importa para o mundo de Dragon Age: Inquisition. Como uma supernarrativa, existem muitas configurações, e as opções de mundo são inúmeras.
SONOPLASTIA
A atuação de dublagem foi bem trabalhada, com cuidado especial em se destacar os sotaques francês e britânico no inglês falado pelos personagens do game, algo que remete ao período posterior à Guerra dos 100 Anos, e que combina bastante com indumentária renascentista do século XV observada nos personagens.
A trilha sonora foi composta por Trevor Morris, o mesmo que compôs a trilha sonora de The Tudors, seriado que retrata a vida do rei Henrique VIII que reinou durante período cuja sociedade era bem parecida com a criada no universo de Dragon Age: Inquisition. Assim, o estilo erudito moderno ganhou uma roupagem renascentista, produzindo uma música rica (em minha opinião), por mesclar a sofisticação de composições rebuscadas e instrumentos complexos com a simplicidade e tradição dos instrumentos e composições medievais, tudo isso adequado ao gosto musical atual que dá um tom épico às músicas, e que dá um ar de The Lord of The Rings e Game of Thrones, o que é ótimo.
CONCLUSÃO
Dragon Age: Inquisition é um excelente jogo, talvez o melhor Dragon Age já lançado (o que para muitos não algo notável), que corrigiu os erros cometidos nos games anteriores, e expandiu muito a experiência, apesar dos inúmeros bugs. Como já dito, foi um resultado que demonstrou grande progresso, o que exigirá de outras produtoras que reproduzam em seus games mundos igualmente vastos e ricos (imagina-se o que a Bethesda será capaz de fazer com um PS4 ou XOne ao lançarem The Elder Scrolls VI, é algo muito empolgante).
Conceito: Excelente.