Assim que conquistei meu objetivo, passar em eng. Civil UNESP, havia pensado “o pior já foi”
Assim minha vida acadêmica foi seguindo e em algumas roubadas eu entrei, aquilo que era para ser 5 anos, levou 7,5 anos (50% de atraso), mas sem problemas, eu penso que o prejuízo não foi tão grande...
Assim que formei, me contentei em ser agora um desempregado, e acreditava “não vai ser tão difícil, afinal, tem muita demanda para eng. Civil”....
3 meses desempregado, surge então a primeira eminente oportunidade de trabalho, e no meio de uma bolota de rolo de indicação, consegui uma entrevista de emprego onde o dono da empresa, também eng. Civil, me entrevistou fazendo alguns testes... Enfim, me mantive cerca de 2 anos nela, ganhava o justo e foi a jornada onde eu mais aprendi e mais apreciei.
Então pouco a pouco fui notando o quanto o profissional de construção é DESCARTÁVEL, e assim tive minha primeira demissão, o motivo, eu não sei, tudo que sei é que todo RH ou ENVOLVIDO segue um padrão pra afirmar o motivo pra você não se sentir um lixo, é de praxe, eu mesmo já fiz isso.
Mas eu sempre tive consciência que não sou bom nisso (OBRAS), apesar de ser muito útil em qualquer atividade que envolva computadores (desenhos, planilhas, controle, planejamento, etc), eu sei que consigo trabalhar... mas não vejo o menor sentido em ficar na obra queimando a cara olhando os outros trabalhas e fingir que está atento aos detalhes... era um saco... muitos vigiavam a obra pra ficar CORNETANDO por qualquer coisinha só pra fazer média, mas eu não consigo ser BABACA desse jeito, eu fazia, se fazia bem ou ruim, eu não sei, só sei que nada deu errado nas obras que eu passei.
Por mais que minha autoestima estivesse ferida com essa demissão, eu sei que eu tinha que ir em frente, mesmo o mercado de trabalho no setor começando a entrar em decadência.
4 meses depois eu consegui meu 2º trabalho, como desenhista e orçamentista de um escritório que fabrica, monta e pinta estrutura metálica, esquadrias, portões, etc. A empresa já estava quase falida, e só por eu estar lá já deu alguma sobrevida porque os orçamentos e os desenhos eram mais bem feitos e conquistava a confiança dos clientes.
O problema é que a situação dessa firma era tão critica, que o meu pagamento vinha atrasado e fracionado, de maneira que não custeava nem a minha moradia. Acredite, eu estava PAGANDO PARA TRABALHAR. Arrastei essa situação por quase 5 meses e pedi para sair (e não botei eles no pau), o pior de tudo, meu FGTS estava acabando.
Eu que nunca pedi nada para o meu pai, entrei em desespero e pedi para ele deixar eu ir morar com ele em Campinas que lá eu ia trabalhar de qualquer coisa, garçom, ofice boy, enfim, qualquer coisa! Ele, muito comovido com meu apelo, resolveu investir pesado para arrumar uma oportunidade de trabalho na CONSTRAN (onde ele trabalhava) como Eng. Trainee com um salário maravilhoso.
Nos 3 primeiros meses foi uma maravilha, a empresa grande, obra imensa, função profissional objetiva e segura (eng. Trainee tem mais tolerância a erros)... E então em período eleitoral de 2014, explorde o escândalo do Lava Jato, e final do ano já haviam envolvido as empreiteiras, aí então a CONSTRAN (que pertence a UTC) começou sua fase de cortes.
Enquanto lá dentro todos os funcionários temiam a demissão, lá fora já se consolidava a decadência no setor da construção e a decadência ainda maior no setor industrial...
Eu só sabia que, se eu fosse demitido, eu tava fudido... Virou o ano de 2014 pra 2015 e um monte de funcionário foi demitido e haviam rumores que eu seria... mas eu sobrevivi mais uns 5 meses.
Situações escrotas durantes os 3 meses desempregados se desenrolaram, recebi proposta de emprega em RO onde eu teria que pagar R$25mil de propina para ser empregado, prolonguei minha temporada (e custos) na cidade que eu estava na expectativa de arrumar trabalho e só me deram nó. Até mesmo entrevista de emprego marcado lá em Araçatuba me fez gastar tempo e combustível pra fazer uma viagem para um entrevista que não aconteceu; E por fim, o pior de todos, em que um pessoal de CAMARÕES me mandou uma proposta de emprego oferecendo um salário exorbitante e com toda uma estruturação de atendimento fazendo aquilo parecer que fosse algo sério, do qual eu tive que investigar profundamente até notar que se tratava de um golpe pra me roubar alguma graninha.
Com tanto desgaste e gasto procurando trabalho e indicação de amigos de tudo quanto é setor e me abrindo a todas as possibilidades de atuação possível, eu resolvi desistir e recomeçar minha vida acadêmica.
Um grande amigo meu conseguiu um trabalho para dar aulas para os cursos eng. Civil a ambiental em uma universidade próximo da minha cidade. Pagava muuuuuuuuuito pouco, mas era o suficiente para reduzir meu déficit mensal que só consumia minha verbinha de FGTS.
Eu sabia que, isso não deveria continuar se arrastando assim, eu tenho contas pra pagar, eu tenho uma mãe endividada por causa de um negócio que deu errado, a gente mora de aluguel, tem prestação do carro também.
Foi aí então que tive uma ideia. Eu vou fazer mestrado e tentar conseguir uma bolsa FAPESP (algo em torno de R$1500,00) pra sobreviver legal [renda que somado a renda de professor já ajuda muito], e assim vou aprimorar meu nível acadêmico para poder ir para o exterior.
Que merda hein meu amigo, a universidade onde estudei havia acabado de implementar uma pré-seleção de candidatos em que escolhiam com base no critério dos próprios professores em eliminar candidatos antes mesmo de fazer a prova. [é isso aí! FODA-SE até mesmo seu dinheiro de inscrição e burocracia]
Já não tenho nem mais motivação de tentar entrar lá, aqueles caras não me curtem por causa de tretas do passado. Vai que eu tente de novo e me ferro de novo... Enfim, desisti de aprimorar meu nível acadêmico...
Tudo que eu tenho é uma profissão onde ganho bem menos do que eu preciso, e ainda tenho que ser GRATO, MUITO GRATO por poder trabalhar mesmo sendo apenas FORMADO em Eng. Civil.
O que fazer?
Eu já reduzi meus custos e meus consumos em games [que é minha paixão, e sai mais barato que a cervejinha de final de semana de muita gente], já mudei meus hábitos inúmeras vezes, e sempre andando pra trás, mas sempre pesquisando sobre mercado, economia, politica, pra compreender melhor a dimensão do meu problema.
Eu pensava: Cara, dediquei a vida inteira a ser eng. Civil, tentei expandir meu nível técnico e academico de todas as maneiras... e não posso empreender porque ninguém pode me custear, não tem trabalho pra mim, os poucos que tem na verdade não tem e se tornam apenas esperança perdida (sacanagens de oportunidade falsa)... Se inserir no mercado sem um puto no bolso não dá, é suicídio.
Não vou mentir, adoro dar aulas, eu fico feliz em ser útil, ainda mais numa sala de aula onde o processo de produção é mais intenso (cerca de 40 unidades que devem ser convencidos a incorporar algumas ciências em um prazo de 1 a 4 horas sem perder o interesse).
Mas cara, isso ainda não é o que me dá êxtase de trabalhar, é quase isso, mas se levar em consideração que ainda fico atormentado com minha vida financeira, e que quando eu GANHAVA MAIS era muito mais feliz fazendo o que não gosto. Devo admitir de uma vez por todas:
EU QUERO FAZER ALGO QUE GOSTO E GANHAR O SUFICIENTE PARA NÃO FICAR PREOCUPADO COM CONTAS.
Porque eu joguei minha vida no lixo correndo atrás desse diploma?
Cara, poucos anos antes de estudar para o vestibular eu me via bitolado na frente de um computador criando MAPAS para DUKE NUKEM 3D, desenhando as próprias texturas e sprites animados, compondo as próprias músicas em MIDI para inserir no meu “novo jogo”, eu ficava mais de 10 horas todo dia (além de estudar, malhar), eu esquecia de mijar, de comer...
Meu senso crítico e o prazer ao jogar videogames era intenso demais desde criança, e isso sempre se agravou até hoje em que eu tenho 30 anos.
Iniciava-se então minha ADULTA crise existencial, pensei em ser Youtuber para compartilhar minhas idéias, pensei em ser imigrante ilegal e entrar como faxineiro (Jim Carrey) em algum estúdio de desenvolvimento de jogos.
E aí vocês me perguntam, porque eu fiz Eng. Civil? Simples, é na cidade onde eu moro, a mídia exaltava que a profissão se tornaria a mais bem paga depois de medicina, mas eu não tinha a mínima ideia do que se tratava, e nem que isso poderia se tornar uma roubada... Até que diante da minha insignificância cósmica, tive que pagar para ver e sequer questionar meus rumos.
Se naquele tempo eu podia dar passos e dominar programas complexos de composição de musica MIDI ou criação de mapas 3D com suas ferramentas de midificação. Porque hoje, com tecnologias mais amigáveis e tutoriais por todos os lados eu não posso simplesmente dominar uma ENGINE gráfica para criar meu próprio jogo?
É aqui onde eu quero chegar... Eu não quero apenas isso, eu quero aprender de maneira saudável pouco a pouco, um passo de cada vez.
Sou capaz de novo a me expor ao que não gosto para me sustentar por algum tempo, mas seria feliz em ser útil para alguém... Mas quero ser mais útil para todo mundo.
Esse mundo é cruel em não dar oportunidades, mas tecnologias como über também me inspira a desejar entrar no setor de aplicativos para smartphones, e se isso acontecer, também estou preparado, meu senso critico com interface e conceitos de georreferenciamento são muito afiados a derivar idéias billion Seller.
Eu tenho ideias com potencial de DESTRUIÇÃO MASSIVO do sistema acadêmico convencional que consiste em convencer a sociedade da mesma coisa que eu me convenci [QUE O SEU DIPLOMA NÃO VALE NADA], e que agora a onda seria ser classificado em um aplicativo de avaliação profissional (que seria como uma universidade gratuita, mais ou menos similar aos aplicativos de aprender inglês, mas com implementação de uma estrutura de vídeo aulas de professores que seriam custeados por esse aplicativo).
Eu tenho ideias com potencial de CONECTAR as pessoas que querem comprar roupas, que querem comer alguma coisa, coisas que talvez já existam e eu não estou sabendo, coisas que talvez se fosse feito da maneira como estão na minha cabeça, poderiam ser uma nova revolução comercial que se adapte a nova crise mundial que alguns rumores indicam que terá.
Eu sei que são apenas ideias e ninguém vai estar ao meu lado agora, e assim como tenho compreensão da minha insignificância cósmica, eu compreendo como os seres humanos estão cada vez mais individualistas, tomando nojo de classes mais desfavorecidas porque enxergam nele a ferramenta de se fazer política.
Se eu me inserir no ramo de aplicativos, e se tudo sair do jeito que eu quero, poderei viver bem e fazer essa vida ter algum sentido além da própria sobrevivência.
Minha realização pessoal seria parcialmente atendida dentro dessa possibilidade... A maior delas com certeza é criar jogos. Não precisa ser uma mega produção, eu seria o cara mais feliz do mundo se eu fosse o criador de SUPER MEAT BOY, GUACAMELEE, AXIOM VERGE, ou qualquer outro jogo indie.
Talvez é isso que me falta, não preciso de faculdade, existem ferramentas de busca, existem recursos gratuitos, pra que eu comece lá de baixo. E quando se trata de algo que eu gosto ou estou desesperado para aprender, eu vou muito mais rápido subindo a levar 4 ou 5 anos para fazer uma faculdade. Quem precisa disso?
Eu venho desabafar a respeito do assunto, para que lembrem de mim. Se eu conseguir atingir algum objetivo grandioso nessa vida, eu vou voltar aqui, onde estão vocês, meus amigos, e tentar convencer qualquer um de vocês para que venham comigo para os próximas lutas e investir em você para que você aprenda o que eu aprendi e chegar onde cheguei ainda mais rápido, para fortalecer o meu time.
Att. Marcus Cardoso